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Existe luz no fim do túnel por Ari Bruno Lorandi

Há sobrevida para quem fez o dever de casa

Postado em 12/08/2014

Não vamos cansar de escrever sobre isso, mesmo porque, depois de 30 anos de janela, ainda acreditamos que tudo tem um jeito e pode ficar diferente. Quando não acreditar mais nisso, vou fazer outra coisa na vida, para a alegria de alguns poucos desafetos.

Voltando a ponto: no segundo semestre do ano passado, quando elaboramos o Gold Map 2014, revisamos as edições anteriores e confrontamos com os dados do IBGE também de anos passados. A conclusão a que chegamos foi de que o volume de móveis que as indústrias brasileiras estão conseguindo colocar no mercado não se elevou a taxas significativas nos últimos seis anos, exceto em 2010, até para recuperar as perdas de 2008 e 2009 (veja gráfico 1). A média de crescimento da produção anual gira em torno de 1,5%. Se o varejo gira com taxas anuais de 2,5% ou um pouco acima disso, este volume adicional é suprido pelas importações, e estas sim não param de crescer (veja gráfico 2), e já superam as exportações em quase 8%. Hoje as compras no exterior representam mais de 4% da produção brasileira em valores nominais. De janeiro a junho as importações de móveis totalizaram US$ 340,2 milhões e devem se aproximar de R$ 700 milhões até dezembro, com alta de 3% sobre 2014. O único consolo é que as taxas de crescimento das importações vêm caindo de 25,6% em 2012 para 10,4% em 2013 e, provavelmente, 3% este ano. Mais uma mostra que o varejo está abastecido relojes replicas.

   

Para ficar no mesmo tema, o varejo brasileiro já demonstrou claramente o tamanho da demanda e o mercado externo não vem respondendo às necessidades da indústria. De janeiro a junho as exportações caíram 3,1% na comparação com o primeiro semestre de 2013. Não vamos alcançar os US$ 692 milhões de 2013, o pior ano desde 2003 (veja gráfico 3). Nosso maior parceiro, os Estados Unidos, importaram este ano 10,6% a mais do Brasil, mas isso não compensou a queda da Argentina, nosso maior parceiro na América do Sul, que registrou queda de 26,5% no primeiro semestre deste ano.

Varejo sinaliza expansão

Os dados disponíveis para o varejo são de maio. Aliás, os dados do IBGE chegam com tanto atraso, que é como dirigir olhando pelo retrovisor. Mas, vamos lá.  É evidente que há uma expectativa do mercado de que as vendas de junho foram negativas, mas é bom lembrar que maio superou as expectativas registrando alta. Nesse mês, o Comércio Varejista do País apresentou variações positivas em relação ao mês anterior ajustadas sazonalmente, de 0,5% para o volume de vendas e de 1,0% para a receita nominal, segundo a pesquisa mensal do comércio do IBGE. Quanto à média móvel, o volume de vendas registrou variação de -0,1%, enquanto a receita obteve taxa de crescimento de 0,7%. Em relação a maio de 2013, as variações foram de 4,8% para o volume de vendas e de 11,4% na receita nominal. Nos acumulados dos cinco primeiros meses do ano e dos últimos 12 meses, as taxas se estabeleceram em 5,0% e 4,9% para o volume de vendas, e em 11,2% e 11,7% para a receita nominal, respectivamente.

A atividade de Móveis e Eletrodomésticos, com aumento de 8,3% no volume de vendas em relação a maio do ano passado, exerceu o terceiro maior impacto (22%) na formação da taxa do varejo. A despeito do menor ritmo de crescimento do crédito, a elevação da taxa de desempenho da atividade este mês, superando até mesmo a média do setor, reflete não só as compras para o Dia das Mães, como também o aumento das vendas de televisores motivado pela Copa do Mundo. Em termos acumulados, as taxas foram de 6,1% para os cinco primeiros meses do ano, e de 5,8% nos últimos 12 meses.

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E a surpresa maior, diante deste quadro, ficou com o setor de móveis (veja tabelas 1 e 2). O setor apresentou resultados ainda melhores do que os eletros, quando analisado isoladamente. O aumento do volume de vendas em maio na comparação com maio de 2013 foi de 8,6%, acumulando taxas de 6,1% de alta de janeiro a maio e de 2,6% no acumulado de 12 meses. Em receita nominal, que, em última análise é o que importa porque diz respeito ao dinheiro disponível para o consumo, a alta em maio na comparação com o mesmo mês do ano passado chegou a 17,2% ante 15,7% dos eletros. Com este resultado o setor de móveis acumula alta da receita nominal de vendas de 16,4% de janeiro a maio contra 12,6% do setor de eletros e no acumulado de 12 meses o setor de móveis apresenta alta de 11,1%.

Por enquanto este número está bem acima da previsão do Gold Map Lojista, pesquisa do Intelligence Group sobre potencial de consumo de móveis do País. A estimativa do Gold Map é de que a receita nominal de vendas este ano aumente 7,5% n comparação com 2013, alcançando mais de R$ 58 bilhões.

Sobrevida anunciada

Há dias conversei com um empresário moveleiro que tem uma fábrica capaz de produzir mensalmente, com o uso da capacidade plena, o equivalente a um faturamento de R$ 9 milhões. Mas com uma série de medidas de ajustes, o ponto de equilíbrio é alcançado com pouco menos de R$ 4 milhões/mês. O trabalho agora é trabalhar para evoluir o faturamento, com o mesmo nível de produção, em pelo menos 10%, para se consolidar no azul. Sei que muitos fizeram algo semelhante. Mas a questão é saber se esta decisão é provisória ou é baseada na convicção de que o quadro que se apresenta em nível de mercado não vai se alterar nos próximos anos. Isso faz toda a diferença.

A queda da produção de móveis no acumulado do ano (janeiro a maio) alcança 7,6%. Com os resultados dos últimos meses a produção de móveis acumulou em 12 meses queda de 2,4%. E nossa previsão para os próximos meses é de lenta recuperação até chegar a uma elevação próxima de 1% a 2% de alta sobre 2013 lá pelo mês de dezembro.

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A situação atual sugere para a indústria a adequação da produção em patamar equilibrado com a demanda, garantindo melhores preços, com negociações mais saudáveis com fornecedores e lojistas. É ingenuidade promover uma forte expansão na produção nos próximos meses, quando as vendas do varejo voltarem a ocorrer com mais intensidade. Isso seria interessante apenas para os fornecedores de matérias-primas e para os lojistas, naturalmente.

Parece, em parte, muitas empresas estão fazendo o dever de casa. Pelo menos é o que fica evidente ao analisarmos o Índice de Preços ao Produtor, pesquisado mensalmente pelo IBGE. O último dado, de maio, revela que o aumento do preço de móveis na indústria, naquele mês, foi de 1,03%, enquanto a média da indústria foi de -0,24%. No acumulado do ano o preço dos móveis na porta da fábrica aumentou 4,60% ante alta de apenas 1,09% da média da indústria. E, mesmo no prazo maior, de 12 meses, a alta dos móveis, de 8,22% é 24,7% maior do que os 6,59% da indústria em geral. Isso é positivo porque mostra que está sendo produzido móvel com mais valor agregado. Isso vai ao encontro da teoria de que as pessoas não vão comprar mais, mas vão pagar melhor pelo que comprarem, desde que percebam mais valor no produto.

E o varejo não pode reclamar porque, se a oferta estiver equilibrada (ou até um pouco abaixo da demanda), ele vai continuar também repassando os custos, como vem acontecendo. Veja: em junho o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,40%. Mas o IPCA de móveis alcançou 0,47%, com picos de até 3,35% no mês, no caso dos móveis infantis e 1,77% nos móveis de cozinha. Nos últimos 12 meses o IPCA médio ficou em 6,52% e o de móveis subiu 7,88%, portanto, 20% acima. E houve picos de alta no varejo de 12,08% nos móveis infantis e de 11,59% nos colchões.

Aqui vou abrir um parêntese para destacar um aspecto que tem tudo a ver com o que afirmamos acima: o setor de colchões, quando do “boom” dos colchões de mola, em 2008, teve alta no varejo de 12,02%, mas nos anos seguintes voltou a patamares mais comportados, até fechar 2012 com deflação de -0,40%. Bastou a certificação compulsória dos colchões de espuma para o preço do colchões subir. E, com a exigência de produtos de mais qualidade, de acordo com os critérios das Normas do Inmetro, nos primeiros sete meses deste ano o preço ao consumidor já subiu 12,9%, o dobro da inflação média do IPCA, que foi de 6,5% (veja gráfico abaixo). Resumindo: qualidade e valor percebido é igual a preço mais alto.

Portanto, para concluir, está na hora do fabricante conduzir o seu negócio e não ser conduzido. Ser o comandante do barco e não o passageiro, como tem sido até agora. O equilíbrio entre oferta e procura é estabelecido pela indústria. Este é o maior poder do fabricante. Exercê-lo é uma questão de inteligência e, principalmente, de sobrevivência.

TAGS - IBGE, moveleiro, eletrodomésticos, móveis, IPCA

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